Avião em operação de pouso próximo ao aeroporto, onde parte dos moradores das comunidades costuma empinar pipas e soltar balões
Ricardo Filho - iG Guarulhos
Avião em operação de pouso próximo ao aeroporto, onde parte dos moradores das comunidades costuma empinar pipas e soltar balões


Dados do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CENIPA) revelam que, este ano, em todo o Estado de São Paulo, já foram registradas 125 ocorrências aeronáuticas envolvendo balões. Deste total, 46 foram no entorno do Aeroporto Internacional de São Paulo, no bairro de Cumbica.

Segundo o levantamento da GRU Airport, concessionária responsável pelas operações em Guarulhos, 10 registros foram dentro dos 14 km² do sítio aeroportuário e sete em áreas próximas ao pátio de manobras, causando algum tipo de interferência na operação de voos.

A concessionária entende que incidentes podem ser justificados por, entre outros motivos, a falsa sensação de menos risco com a redução de voos nos últimos meses. Aparentemente inofensiva, a soltura de pipas e balões em determinadas áreas da cidade pode se transformar em um grande problema. No Brasil, soltar balões é crime, mas, mesmo assim, a prática relacionada à tradição junina e a competições de trabalhos artesanais com explosivos ainda é frequente no perímetro urbano.

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Em 2019, a GRU Airport contabilizou 49 ocorrências envolvendo balão, sendo 33 no pátio de manobras. No mesmo período, a concessionária do Aeroporto Internacional de São Paulo registrou 25 incidentes envolvendo pipas. De janeiro a maio deste ano, foram sete interferências operacionais.

Somando os dois tipos de incidentes com pipas e balões perto do pátio de manobras, só este ano, já são 17. Para o diretor de operações da GRU Airport, Comandante Miguel Dau, uma das justificativas para o crescimento destes números é a pandemia de Covid-19, em função do aumento do tempo ocioso para crianças e adultos e a diminuição temporária da atividade aérea no aeroporto, que pode causar a falsa sensação da redução dos riscos envolvidos. “Ocorrências com pipas e balões, infelizmente, ainda são comuns nos períodos de férias escolares, mas o que nos chama atenção é que, até o final de abril, já ocorreram 17 ocorrências desse tipo dentro do sítio aeroportuário. Este número é alto”, afirma.

Conscientização como prevenção

Uma das formas de GRU Airport proteger a operação do aeroporto, que atualmente corresponde a uma média de 100 pousos e decolagens por dia, é investir na conscientização de jovens, adultos e crianças, moradoras das comunidades vizinhas do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

Desde 2018, a equipe de Responsabilidade Social da GRU Airport promove peças teatrais e palestras educativas nas escolas públicas de, ao menos, 13 bairros classificados de interferência direta e indireta do aeroporto. Ano passado, 4.500 jovens, entre 6 e 18 anos participaram da iniciativa, que tem como mote a mensagem “Brincando com Segurança”, sobre os riscos de soltar pipas e balões próximo ao sítio aeroportuário. Ano retrasado, foram 3.270 crianças e adolescentes da mesma faixa etária.

Este ano, devido à pandemia de Covid-19 e as medidas de isolamento social recomendadas pelo Ministério da Saúde e órgãos internacionais, a equipe de Responsabilidade Social de GRU Airport estuda uma abordagem diferente, por meio de vídeo e/ou outras ferramentas. “Não vamos deixar de falar para a comunidade sobre os riscos de empinar pipa e soltar balão em torno do aeroporto, além de ensinar outros tipos de brincadeiras”, explica Dau. A expectativa é que as ações comecem a ser realizadas no segundo semestre e envolva agentes comunitários para alcançar mais pessoas. O modelo ainda está em estudo.

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