O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) condenou os herdeiros, o espólio e uma empresa ligada ao ex-prefeito de Guarulhos , Nefi Tales, já falecido, por atos de improbidade administrativa . Segundo a decisão, houve enriquecimento ilícito durante seu mandato à frente da prefeitura. A ação foi movida pelo Ministério Público em 1998 e teve desfecho mais de duas décadas depois.
De acordo com os autos, quando assumiu a administração municipal, Tales e seus familiares nomeados para cargos públicos tinham renda modesta e acumulavam dívidas.
No entanto, apenas oito meses após sua posse, o grupo passou a ostentar patrimônio milionário, incluindo fazendas, imóveis urbanos, veículos de luxo e até barcos, somando mais de R$ 4,2 milhões (valores incompatíveis com suas rendas oficiais).
Relator do processo, o desembargador Osvaldo Magalhães determinou a devolução do montante irregular ao município de Guarulhos, após a liquidação da sentença. Além disso, três dos condenados também deverão pagar multa correspondente ao acréscimo patrimonial obtido de forma ilícita.
O mandato de Nefi Tales
Néfi Tales foi eleito prefeito de Guarulhos nas eleições de 1996, derrotando Paschoal Thomeu no segundo turno, com larga vantagem de votos.
Ele tomou posse em 1º de janeiro de 1997 sob a bandeira do PDT, mas esse período foi marcado desde cedo por graves dificuldades financeiras para o município, como atrasos no pagamento a servidores e problemas com contratos públicos controversos.
Em meados de 1998, menos de dois anos após assumir, Néfi Tales foi afastado pela Justiça e seu mandato tornou-se objeto de investigação sobre irregularidades, especialmente no repasse de verbas ao Legislativo municipal.
Antes de ser prefeito em 1997, Tales já havia ocupado o mesmo cargo entre 1977 e 1982.
Além disso, durante a eleição de 1996, embora tivesse ficado atrás no primeiro turno, ele conseguiu formar uma coligação ampla que uniu diversas forças de oposição ao então prefeito, o que foi decisivo para garantir sua vitória ampla no segundo turno (74,18% dos votos válidos, contra cerca de 25,82% do concorrente).