Neste artigo eu quero expressar minha insatisfação com a postura da atual diretoria da APAS , em especial membros da alta cúpula da diretoria. Como empresário que vive o dia a dia do setor, é difícil não se indignar ao ver que a entidade que deveria nos representar está cada vez mais distante das reais necessidades dos supermercadistas.
Recentemente, houve um encontro em Mendoza, Argentina, com líderes do Conselho de Administração e das Diretorias Regionais da APAS. Foram dias regados a vinho, pagos pela indústria que mantém a APAS. O que me causa espanto é a falta de clareza sobre o real propósito dessa viagem. Quanto foi gasto? Quais benefícios foram trazidos para os empresários que acordam cedo, de domingo a domingo, para manter seus negócios de pé? Apenas 2% dos associados estavam lá, enquanto os outros 98% sequer sabiam que esse passeio aconteceu.
É lamentável que membros da diretoria da APAS, que deveriam estar focados em melhorar o ambiente de negócios para os supermercadistas, priorizem passeios e eventos internacionais em vez de enfrentar os problemas que afligem o nosso setor aqui no Brasil. Diretores que estão há décadas na APAS, parecem desconhecer a complexidade das relações institucionais que impactam diretamente nosso trabalho. Só no ano passado um deles se reuniu pela primeira vez com o chefe do presidente do Procon, sem sequer saber que o órgão responde à Secretaria de Justiça do Estado de São Paulo. Como pode um líder de uma entidade tão importante não estar atento a isso?
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Enquanto isso, questões fundamentais para o setor são ignoradas. A APAS não apresentou nenhum projeto de lei relevante em cidades como Guarulhos, onde o ambiente de negócios é desafiador. Em vez disso, o capital político da entidade foi usado para condecorações. O que isso traz de benefício para nós, supermercadistas?
O problema é ainda maior quando olhamos para o futuro. A falta de transparência e o direcionamento das ações da APAS sugerem que a entidade está se tornando uma espécie de negócio familiar. O filho de um, que já acompanha o pai em diversos eventos e deve ser seu sucessor do pai na diretoria. Estamos transformando a APAS em um feudo particular? Isso não pode continuar.
É hora de mudarmos essa postura e exigirmos uma APAS que realmente represente os interesses dos seus associados. Precisamos de lideranças que compreendam o que é ser um supermercadista, que estejam dispostas a lutar pelos nossos direitos e a trabalhar de verdade para melhorar o ambiente de negócios. Não podemos aceitar que os recursos da entidade sejam usados para passeios e interesses pessoais enquanto os supermercadistas enfrentam desafios cada vez maiores.